AGENDA CULTURAL

14.10.07

Escola boa era aquela...


Hélio Consolaro


Hoje, neste espaço, gostaria de fazer uma reflexão sobre escola e professor, para que você, que não faz parte do magistério, tenha uma nova visão do processo ensino-aprendizagem.

Os antigos têm a mania de invocar a escola pública de 40 anos atrás, mas eles se esquecem de que havia nas cidades poucos grupos escolares e apenas um ginásio. E a maioria dos jovens ficava excluída com o tal exame de admissão. Era uma escola pública, mas só atendia a uma minoria. Pior do que essa visão saudosista, é querer a volta daquele modelo hoje, numa sociedade totalmente diferente.

A força social que mais segura a mudança da escola e da educação, para que ela se insira na modernidade, são os pais, a família, a sociedade, que ficam olhando para trás, querendo uma escola à moda de seu tempo de criança e adolescente.

No começo de meu magistério, na década de 70, as pessoas me diziam:

- Escola boa era no meu tempo, quando éramos jovens...

Hoje, 30 anos depois, encontro meus ex-alunos da Escola Estadual Genésio de Assis. E eles me dizem:

- Escola boa era daquela época, professor. Hoje está tudo acabado.

Então, caro leitor, esse discurso de “no meu tempo” é subjetivo, carregado de saudades, não resiste a nenhuma análise. Sem discordar da pessoa, vou lhe dizendo as barbaridades que eram cometidas naquele tempo.

A escola pública (e a particular, um pouquinho melhor) está nesta bagunça, porque o modelo de sala de aula ainda vigente, com carteiras enfileiradas, giz e lousa precisa dar lugar a um espaço mais interativo, em que o aluno seja protagonista e não apenas um receptáculo de conhecimentos à moda antiga.

Rubem Alves, o cronista do magistério, escreveu que o bom professor ensina aquilo que não sabe. E exemplificou: se o aluno vier lhe perguntar onde fica a rua Riachuelo e o mestre não souber, passará o mapa da cidade para que o educando a localize.

Esse fato é um exemplo de como o professor deve proceder hoje: indicar caminhos, criar no aluno a curiosidade, ensinando-lhe pesquisar. A escola que só ensina conteúdo e, depois, os alunos precisam vomitá-lo na prova, e o processo ensino-aprendizagem pára por aí, está fadada ao fracasso. Vira essa bagunça que está aí.

Apesar de todas essas contradições de nossa realidade, caro leitor, dê um abraço na professora de seu filho, cumprimente seu amigo professor, isso lhe fará bem... E não se esqueça de exigir dos governantes (e do mantenedor da escola particular de seu filho) um salário decente para o profissional que é responsável pela formação do cidadão brasileiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que nao:)