AGENDA CULTURAL

27.9.11

Mário Eugênio - músico dos bares





Era o ano de 1951. O menino fascinado pelo serviço de alto-falante brincava em meio às árvores do quintal da casa em que morava, na esquina da Luiz Pereira Barreto com a Pedro de Toledo. No alto de um tamarindeiro, fazia o anúncio e cantava para as pessoas que passavam pela rua. Em meio às folhagens, não queria ser visto, mas foi surpreendido pelo advogado Jarbas Borges Rister, que o apresentou ao radialista Wolney Sidney Aguiar, da Rádio Cultura AM. E, assim, aos oito anos de idade, ele se apresentou pela primeira vez como artista mirim, cantando o choro "Galo Garnizé", de Ademilde Fonseca.

Este foi o início de uma carreira bem-sucedida que, em 2011, completa 60 anos de melodias, acordes, viagens, shows, bares, bailes, festas de casamento e dezenas de carnavais. Aos 68 anos de idade, Mário Eugênio de Lima, ou simplesmente Mário Eugênio, ainda encanta com seu vozeirão, o violão inseparável e seu bom humor peculiar, capaz de arrancar risos do mais apático espectador. Já começa a entrevista brincando: "Minha mãe, ao escolher meu nome, pensou no lado artístico e disse: 'Ah! Este vai ser um Luiz Gonzaga da vida'", afirma, aos risos, ao referir-se à mãe, dona Maria Marta Eugênio, que, aos 98 anos de idade, ainda mora em Araçatuba.

O fato é que o gosto pela música veio do berço. O pai, Sebastião Lima, gostava de tocar as músicas de Luiz Gonzaga no acordeão. E o menino queria mesmo era cantar. Após a primeira apresentação na Cultura, em 1951, vieram muitas outras, até que conheceu Edson Cury, o popular apresentador Bolinha, que tinha programas na rádio e realizava shows em Araçatuba, região e até em outros estados. E, aos 11 anos de idade, Mário Eugênio passa a integrar o grupo Astros de Amanhã, formado por jovens artistas promissores.

SHOWS --

A rotina passou a ser de shows pelos bairros de Araçatuba e em várias cidades paulistas, além de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná. Naquela época, chegou a tocar no Paraguai e na Bolívia. Cantava principalmente sambas: "Na Subida do Morro" (Moreira da Silva) e "Nega na Janela" (Germano Matias) integravam o seu repertório. Entre uma viagem e outra, recebia aulas com os exímios professores José Maria e Edmundo Alves, em Araçatuba. O envolvimento com a música já era tão intenso que o jovem rapaz perdeu o prazo para a apresentação no serviço militar obrigatório. Quando resolveu se apresentar, recebeu uma punição e foi obrigado a servir o Exército em Lins.

E, assim, é afastado compulsoriamente de Araçatuba e dos Astros de Amanhã, mas não da música. "Até que gostei daquele período, porque eu tocava violão o dia inteiro", conta, sempre bem-humorado. Nas horas de folga, estudava canto com uma cantora lírica que o ensinou técnicas vocais.

E quando o golpe de 1964 estourou e seu batalhão foi destacado para guarnecer São Paulo, foi levado pelo comandante ao programa "Almoço com as Estrelas", da TV Tupi. Cantou fardado a música "Dominique". Ainda guarda a flâmula promocional do programa, que ganhou do apresentador Airton Rodrigues. Sobre o golpe, fala pouco. "Nós, soldados, não sabíamos de nada, só obedecíamos ordens, não tínhamos noção do que estava acontecendo naquele momento."

Ela vive assim
http://www.youtube.com/watch?v=l6y_eklz39A&feature=channel_video_title
Meu primeiro amor
Rei de muitas cores
Mora na geografia
Ela Chegou
Tá na hora

Captação do áudio (vinil - mp3) e postagem - Daniel Freitas
Texto e Matéria - Folha da Região "Palmas e Palmadas" - Alessandra Nogueira

Um comentário:

NINHA disse...

Boa tarde !...
Xara !...
Por esses dias, em conversas ao pé de ouvido, a grande lenda da música popular de araçatuba e região esta prestes a encerrar a sua carreira...
Falou que não esta aguentando mais...esta totalmente desanimado...mas a vida é assim...o tempo passa, vamos fazer uma corrente em prol do Marião...o samba não pode acabar...
Abçs...
NINHA...